tudo apareceria ao homem tal como é, infinito.
Pois o homem encerrou-se até ver todas as coisas pelasfendas
estreitas da sua caverna»
William Blake (1757-1827), O Casamento do Céu e do Inferno [1790],
Lisboa: Antígona, 2006, p. 29.
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Co-produção MARIONET – TAGV
Tal como nos poemas iluminados, texto e imagem colaboram na produção de um sentido, a selecção do Manuel Portela produziu para nós um mundo dentro da cosmogonia visionária de William Blake. Aqui estão ideias de liberdade para os corpos e para as emoções na forma de um novo Génesis. Um mundo sem escala ou tempo absolutos, em que o nascimento de um homem é também a explosão original geradora do mundo finito. Mente e corpo são um só, encerrado nos cinco sentidos finitos. Antes era o infinito e só a vontade determinava a forma. Depois de cairmos da Eternidade ficámos condenados aos limites do mundo material que podemos percepcionar. Instituições seculares como Igreja, Estado e parte da comunidade científica procuram organizar esta percepção para legitimar as suas leis com medições e cálculos.